terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Ainda sobre enchentes...

Como escrevi esses dias sobre calço hidráulico achei interessante replicar esse texto da CESVI BRASIL - Centro de Experimentação e Segurança Viária.

A chegada do verão deixa as cidades em alerta para os perigos causados pelos temporais característicos da estação. Muitos motoristas já enfrentaram situações de alagamentos nas vias que resultaram em danos aos veículos, e até mesmo risco à vida. Por isso, o CESVI BRASIL (Centro de Experimentação e Segurança Viária) apresenta, abaixo, dez recomendações para o motorista preservar o veículo em áreas alagadas.

1. Caso o motor morra durante a travessia, jamais tente dar a partida, mantenha-o desligado e remova o veículo até uma oficina. Diante da possibilidade de admissão de água, essa prática reduz o risco de danos causados ao motor por um calço hidráulico.

2. Observe a altura do nível de água do trecho alagado, a maioria das montadoras estabelece uma altura máxima para essas travessias, não podendo exceder o centro da roda.

3. É prudente que o veículo, durante o alagamento, seja dirigido em baixa velocidade, mantendo uma rotação maior e constante ao motor, em torno de 2.500 RPM, o que diminui a variação do nível da água e seu respingar junto ao motor, dificultando sua admissão indevida e a contaminação de componentes eletroeletrônicos, melhorando a aderência e a dirigibilidade do veículo.

4. No caso de veículos equipados com transmissão automática, a troca de marchas deve ser feita manualmente, selecionando a posição “1”. Dessa forma, o veículo não desenvolve tanta velocidade, sendo possível imprimir uma rotação maior ao motor. Outra possibilidade é manualmente alternar a troca de marchas entre “N” e “1”, de modo a manter a velocidade do veículo baixa durante o trecho alagado, sem descuidar da rotação do motor, sempre em torno de 2.500 RPM.

5. Alguns veículos automáticos oferecem como opcional o ajuste da tração, conhecido como “WINTER” ou “SNOW”. Embora sua função seja a de conferir maior segurança durante trechos de baixa aderência, como neve ou lama, evitando que o veículo patine graças ao bloqueio do diferencial, também deve ser utilizado durante alagamentos, pois beneficia o controle da velocidade do veículo e da rotação do motor.

6. Mantenha a calma nos casos em que, durante a travessia, sejam constatados sintomas como o aumento de esforço ao esterçar (direção hidráulica), variação na luminosidade das luzes do painel de instrumentos, alertas sonoros, flutuação dos ponteiros, luzes de anomalia da injeção eletrônica, bateria e ABS (se disponível) acesas, aumento do esforço ao acionar os freios e interrupção do funcionamento da tração 4 X 4 (veículos diesel), pois provavelmente todo esse quadro é causado pela perda de aderência entre a correia auxiliar e as respectivas polias da bomba da direção hidráulica, alternador e bomba de vácuo (veículo diesel), sendo, na maioria das vezes, um fato passageiro que não impede a dirigibilidade. Apenas reforce a cautela e mantenha o menor número possível de equipamentos ligados.

7. É recomendado desligar o ar condicionado, reduzindo assim o risco de calço hidráulico. Essa prática impede que alguns componentes joguem água na tomada de ar do motor. Veículos rebaixados e turbinados, na maioria das vezes, apresentam maiores riscos de sofrer calço hidráulico; por isso, é aconselhável manter a originalidade da montadora. Se o veículo estiver nessas condições, redobre a atenção aos procedimentos sugeridos.

8. Para os casos mais sérios de alagamentos, é recomendado preventivamente fazer um check-up, corrigindo, por exemplo, possíveis alterações do sistema de injeção eletrônica, muitas vezes simples e imperceptíveis nessa fase, como maus contatos, mas que posteriormente podem gerar grandes transtornos.

9. Pode haver, entre outros, a contaminação do cânister, do óleo da transmissão, do(s) eixo(s) diferencial(is), no caso de veículos com tração traseira ou mesmo quatro por quatro, o que determina a redução da vida útil dos componentes integrantes desses conjuntos, além de riscos acentuados de falhas na embreagem, suspensão e freios. Para combater os efeitos dessa possibilidade, é recomendável encaminhar-se rapidamente até uma oficina e solicitar a avaliação desses itens.

10. Havendo travessias consecutivas de alagamentos, recomenda-se uma limpeza do sistema de ventilação, pois estará sujeito à contaminação por fungos, microorganismos e bactérias, demandando limpeza de todo o sistema para a utilização segura.
Índice aponta danos de enchente em automóveis

O CESVI BRASIL desenvolveu um estudo sobre veículos e danos resultantes de enchentes com a finalidade de oferecer um indicativo técnico para toda a cadeia automotiva, e também para o consumidor final. Trata-se do Índice de danos de enchente - ranking que indica e compara a eficiência de cada veículo em manter seu funcionamento quando envolvido em alagamento, garantindo sua mobilidade.

A metodologia desenvolvida pelo centro de pesquisa classifica os possíveis danos em função das características mecânicas e eletroeletrônicas dos veículos. A classificação é apresentada em um intervalo de 0,5 a 5 estrelas, podendo intercalar notas com 0,5 estrela (2 estrelas e meia, por exemplo). Quanto maior a nota, menor os riscos de danos de enchente.
fonte:http://www.cesvibrasil.com.br/publica/mundo.aspx?id=169

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Inspeção Veicular

Hoje não vou falar de nenhum caso em específico aqui da oficina, porém ao mesmo tempo vou falar de todos.

Desde o novo código brasileiro de trânsito (cbt) de 1997 está previsto a obrigatoriedade de inspeção veicular pra todos automóveis em circulação no país.


Essa inspeção incluiria desde os ítens de segurança (pneus, iluminação, extintor, etc) até as condições mecânicas (incluindo a vistoria quanto a adaptações) e também a inspeção ambiental (análise de gases e quanto aos resíduos gerados pelo automóvel).

Entretanto, esta vistoria nunca chegou a entrar em vigor plenamente em nenhum local, possibilitando que vejamos nas ruas essas latas velhas que atrapalham o trânsito e geram riscos a todos nós.

No município de SP desde o ano passado há a INSPEÇÃO AMBIENTAL VEICULAR, ou seja, parte daquela inspeção prevista no cbt de 97.

Essa inspeção em sendo ambiental NÃO leva em conta os ítens de segurança e tão pouco as condições mecânicas, não verificando e não reprovando por exemplo alterações como turbo e troca de motor.

A inspeção verifica basicamente POLUIÇÃO, então é analisado se o carro possui vazamentos (risco de contaminação do solo), se ele emite mais gases nocivos do que o regulamentado - verificado com o analisador de gases (risco de contaminação do ar) e ainda se o nível de ruído está dentro do pré estabelecido - ítem que nesse ano não será restritivo (poluição sonora).

Na expectativa de entrada em vigor da inspeção veicular, temos aqui no CJ equipamentos de análise de gases a mais de 10 anos e fazemos ensaios de emissões desde então (quando carros carburados eram muito mais frequentes aqui do que os injetados).

Segundo a portaria que rege a vistoria em 2010 os níveis emissões tolerados são os seguintes:




Em nossos ensaios o pior carro pra emissões dentre todos os amostrados nesses anos de experiência foi o corcel com carburador 228 (pé de ferro) e ele emitia 4 % de CO , isso após uma revisão básica de carburação e ignição.Outros carros da época (década de 70/80), em ordem emitem no máximo 2 % de CO.
Entretanto, carros com vela ruim, cabo, rotor e carburador sem manutenção aí sim chegam e passam dos 6%.
Portanto, pra quem tem o mínimo de cuidado e manutenção com o carro, mesmo que ele tenha 10, 20 , 30 anos de uso só vai gastar é o dinheiro e o tempo com a inspeção paulistana, não tendo dores de cabeça com reprovações na parte de emissões.
Antes que alguém pergunte, o limite de HC pra todos os carros é de 700 ppm (na gasolina, sendo ainda maior no álcool), e mesmo que esteja queimando muito óleo o motor fica abaixo desse patamar.
RESUMINDO: Não há o pq se preocupar quanto a EMISSÔES desde que a MANUTENÇÃO PREVENTIVA esteja em dia!
Em relação aos demais ítens da vistoria, é o mínimo dos mínimos, por hora não há nada com o que se preocupar, quem for reprovado por vazamento é por desleixo, ou vcs acham que um carro limpo que não consegue passar 20 minutos sem deixar uma gota de óleo no chão merece continuar rodando e poluindo o solo ???


Que venha a inspeção e leve os lixos! Sendo sério o trabalho dos inspetores tá tudo correto!em tempo, mudaram os critérios pro diesel pq estavam errados os que usaram em 2009.. mas isso é outro papo...







quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Enfrentando Enchente

Ano novo, Janeiro com suas chuvas e transtornos a vista....

Nessa primeira semana já pegamos uma picapinha que atravessou a enchente.... aparentemente valente, passou rodando, mas logo depois....


... bem, ela chegou de guincho aqui...

Ainda na rua já vimos o rombo:


O bloco do motor furou, o cárter estourou, enfim, tudo indicava que o calço hidráulico tinha existido e os pedaços de biela tinham rasgado o motor

Calço Hidráulico é uma situação que ocorre por entrada de água ou acumulo de óleo no interior da câmara de combustão.

Durante o funcionamento normal de um motor, o pistão comprime uma mistura de ar e combustível no segundo tempo (compressão). Na realidade, o combustível é pulverizado numa massa de ar que tem um volume 15 vezes maior (motor a gasolina) do que o combustível. Isso garante uma mistura praticamente gasosa que é perfeitamente compressível.

Já a água não sofre compressão. Sendo assim, no calço hidráulico, o pistão não tem como comprimi-la, formando-se então um calço entre a cabeça do pistão e a câmara do cabeçote. Ao se acionar a partida, os pistões sobem e encontram uma grande resistência. O motor é submetido a um tranco que pode avariador componentes como pistões, bronzinas, bielas ou até mesmo o virabrequim.
Com o motor aberto descobrimos que as válvulas do cabeçote também sofreram com o calço, notem que algumas delas não vedam em suas sedes:














Na parte de baixo do motor, notamos parte da biela presa ao virabrequim e parte solta junto com o pistão










Esses pedaços livres da biela é que fizeram o rasgo no bloco do motor e também estouraram o cárter (na figura abaixo)







Pra completar o quadro, a força do impacto fez com que o virabrequim empenasse, detectado pela diferença de altura nos pistões 2 e 3 na foto abaixo (normalmente eles têm altura exatamente iguais)








Agora, resta ao dono do carro aguardar o laudo do seguro, já que a cobertura abrange esse tipo de situação.
Caso a empresa caracterize essa situação como calço hidráulico (verificando indícios de água na admissão - filtro de ar molhado, resquíssios de água em câmare de combustão, água no óleo,etc) a picape ganhará um motor novinho.. caso contrário o dono terá que comprar um outro motor por ele mesmo....